Highlights de 1 ano como médico ⭐

Nessa página vou compartilhar de forma retrospectivas alguns dos momentos que marcaram meu primeiro ano atuando com médico. Trabalhei num hospital de médio porte como clínico geral evolucionista da enfermaria de clínica médica e acredito que essa função foi essencial criar uma base de experiência. O trabalho como evolucionista me permitia observar os resultados das minhas próprias condutas como uma forma de feed-back, me permitindo aprender com pequenos erros e acertos. Também tive muito apoio dos especialistas do hospital, que sempre estavam à disposição para discutir os casos.

Muitas pneumonias, muitas mesmo — Algumas complicadas com derrames pleurais exigindo toracocentese diagnóstica para estudo do líquido pleural. Felizmente nenhum deles veio com confirmação de derrame pleural complicado. O caso mais rebuscado foi de uma paciente intubada por pneumonia que evoluiu com pneumonia associada à ventilação com necessidade de escalonamento de múltiplos esquemas antibióticos, incluindo o uso de ceftazidima com avibactam.

Muitas cistites e muitas "cistites" — As aspas pois muitos idosos com quadro demencial avançados eram admitidos com queda do estado geral e recebiam o diagnóstico de "ITU" por apresentarem um sumário de urina sujo, sendo internados com ceftriaxona. Na maioria desses casos, avaliávamos o paciente no dia seguinte e colhendo uma história mais minucionsa verificávamos que se tratava de desidratação pois o quadro demencial vinha progredindo e o paciente estava 2-3 dias sem ingerir líquidos ou se alimnentar. Dessas "cistites", boa parte das vezes suspendiámos o antibiótico e dávamos alta após hidratação e definição da via alimentar, além de iniciar a conversa sobre cuidados paliativos. Recomendo o artigo do JAMA "Urinary tract infections in older women: a clinical review" DOI: 10.1001/jama.2014.303, muito bom, que discute justamente esse cenário de idosas demenciadas com sintomas inespecíficos e sumários de urina sujos, que em torno de 50% dessas pacientes vão ter bacteriúria sem repercussão clínica.

Muitas pielonefrites — O mais legal é que o hospital tinha estrutura de hospital dia, permitindo que os pacientes com condições de alta, a recebessem para comparecer diariamente no hospital para receber a infusão de ceftriaxona até completar o tratamento ou até a urocultura guiar um tratamento oral com segurança da cobertura.

Muitas erisipelas e celulites — Algumas inclusive mais graves com necessidade de escalonamento para esquemas antibiótico que cobrissem MRSA's hospitalares, com insclusão da teicoplanina.

Muitas LRA's e muitas DRC's agudizadas — No hospital tinhamos um apoio muito bom da nefrologia.

Um caso de Dengue grupo C em paciente jovem — Curioso pois achei muito pouco, em plena cidade tropical apenas um caso de internamento por Dengue com sinais de alarme. O paciente melhorou e recebeu alta com 3-4 dias de muita hidratação.

Um caso de TB em PVHIV — Quadro clínico clássico com a tríade dos sintomas B: perda ponderal, febre e sudorese noturna.

Um caso de dispneia progressiva, tosse e perda de peso com diagóstico de HIV no internamento — Após o lavado broncoalveolar, foi confirmado confirmado tratar-se também de tuberculose (fazendo jus à máxima de "atenção pra TB em pacientes HIV sem tratamento"). Nesse caso eu colhi o meu primeiro líquido cefalorraquidiano depois de formado, ocasião que veio a se repetir depois.

Um caso de Mieloma Múltiplo — A paciente foi admitida por RNC importante por síndrome de leucostase e hipercalcemia grave, respondeu ao tratamento inicial e apresentou uma ótima recuperação após início do tratamento específico pela hematologia. Foi realmente muito satisfatório acompanhar esse caso pois a paciente idosa teve ganho de funcionalidade e qualidade de vida.